Jayme Ovalle, uma fedelha e os grandes do jornalismo

Até tenho sobre o que postar, mas para escrever sobre o que quero requer um pouco mais de tempo, coisa que não tenho de sobra. Entonces, vamos às banalidades – não tão banais assim: minha última “aquisição livresca”, digamos.

Quando é pra chutar o balde, eu chuto, mas dessa vez o Submarino me surpreendeu. Nunca me mandaram um livro com defeito, mas às vezes vem um com uma manchinha, ou com as extremidades da capa meio tortas (como “Pós-Guerra: Uma história da Europa desde 1945“, de Tony Judt, que me chegou há algumas semanas). Me parece – muita calma nesta hora: estou dizendo que ME PARECE – que alguém lá, na hora de buscar os livros no estoque, sabe que eu uso cupons de desconto e compro livros na barbada das barbadas. O de Judt, por exemplo, me saiu por menos de 40 reais, quando o preço de capa dele é 79,90. Daí o cara lá pensou: “que safado, vou mandar esse aqui, meio amassado”. Mas eu nem ligo, porque realmente foi barbada. E não ligo de comprar livro um pouco sujo ou um pouco amassado, desde que seja por um preço muito abaixo do mercado.

(Falando em Tony Judt, esqueci de falar aqui que tem um texto excelente dele na Piauí deste mês.)

Mas, enfim, como eu dizia. Quando é pra chutar o balde, eu chuto. Mas quando é pra elogiar, elogio também. E dessa vez o Submarino foi show de bola. Esse pedido veio com os livros quase que totalmente imaculados, virgens, parecia que todos tinham acabado de sair da gráfica. A não ser por uma manchinha de poeira de nada em um deles, estão todos perfeitos.

Um foi “O santo sujo“, biografia de Jayme Ovalle, escrita pelo gentleman e competentíssimo jornalista e escritor Humberto Werneck. Ovalle é uma personalidade cercada de mitos, como os de que ele se apaixonou por uma pomba e conversou com Deus. Fernando Sabino colocou Ovalle como personagem em “O encontro marcado”, é o velho que se torna amigo de Eduardo Marciano e de sua esposa. Só não lembro o nome do personagem, agora.

Outro foi “Tópicos especiais em física das calamidades“, livro de estréia da americana Marisha Pessl. Um romanção, com mais de 500 páginas, diga-se de passagem. A capa é linda, o título é inusitado e Marisha é linda. Ela ser linda, inclusive, é quase um pecado. Já viu escritora ser linda? Digo, boa escritora. É raridade. Geralmente, escritoras são, no máximo, bonitas. E, a julgar pelos títulos dos capítulos do romance, Marisha está no grupo das raridades. Cada capítulo tem o título de um clássico da literatura universal. Exemplo: o capítulo 9 se chama “Pigmaleão, George Bernard Shaw”. O primeiro, “Otelo, William Shakespeare”. O segundo, “Um retrato do artista quando jovem, James Joyce”. E por aí vai. Chamei de fedelha, mas só de birra, porque Marisha tem hoje 31 anos – ou quase isso. O que importa é que comecei a lê-lo na livraria e resolvi apostar nele (só Deus sabe quando lerei-o-o).

Por último, “O grande livro do jornalismo“, editado por Jon E. Lewis (que não sei quem é, mas certamente é um cara também muito competente). Isso entre parênteses eu afirmo porque só tem autor no mínimo excelente nesta coletânea de 55 artigos de jornalistas diversos. George Orwell, Robert Fisk, Charles Dickens, Mark Twain… Isso só para ficar nos mais conhecidos. Eu já estava interessado no livro, só por causa do título. Mais recentemente, folheando-o na livraria aqui, me deparei com uma resenha de Dorothy Parker, de um livro de Hemingway. Adorei o texto e resolvi comprar logo esse negócio. Próximo passo é ler Dorothy no original, coisa vagarosa – por causa do meu parco inglês -, lá para o fim do ano.

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