Fazia tempo que eu não me envolvia tanto com política. A última vez, mesmo, foi pouco depois que entrei na faculdade, quando inventei de participar do movimento estudantil. A ilusão começou a acabar quando, ao pedir a palavra numa assembleia e propor nem lembro exatamente o que, uma garota – do mesmo “partido” que eu, diga-se -, que não ouviu uma palavra do que eu disse, começou a gritar histericamente comigo.
Foi aí que comecei a ver no que estava me metendo.
Mas a ilusão acabou mesmo quando, numa outra assembleia, inventaram de fazer uma votação para saber se seria feita uma votação para saber se seria necessário fazer uma determinada votação. Nesse dia, ainda soltei uma piada que deve fazer estremecer meio mundo de gente, mas que é só uma piada: “excesso de democracia dá nisso”. E foi então que pulei fora do ME.
Como eu dizia, fazia tempo que eu não me envolvia tanto com política. E, se me envolvi, foi porque vi na candidatura de Marina Silva uma terceira via, uma saída para a mesmice política que estamos vivendo há décadas.
Marina cercou-se de pessoas – até onde se sabe – íntegras e competentes. Tinha como proposta fazer um governo aliando crescimento da economia e desenvolvimento sustentável. Além disso, nas suas propostas estavam incluídos investimentos maiores em educação, saúde e segurança pública, passando aí por problemas como falta de saneamento básico para grande parte da nossa população e uma maior valorização dos professores do ensino público.
A campanha de Marina foi “humilde”, se comparada com a de Serra e Dilma. Para completar, ela ainda teve muito pouco tempo no horário eleitoral, coisa de 1 minuto e alguns segundos, se não me engano. Ainda assim, conseguiu mobilizar milhões de pessoas e conseguiu obter mais de 19 milhões de votos. Ela conseguiu unir, em torno de sua campanha, petistas, tucanos e anti-petistas e anti-tucanos. Marina Silva conseguiu realizar o que se pensava irrealizável.
Pena que a chamada “onda verde” cresceu tarde, próximo demais ao dia 03 de outubro. Se a mobilização tivesse essa força desde o início da campanha alguém duvida de que ela estaria no segundo turno? Eu, não.
Fui chato, é verdade. Quem me segue no Twitter que o diga. Até camisa da Marina eu mandei fazer. Mas se procedi dessa forma foi porque acreditei realmente na candidatura. Confesso que não acreditava num segundo turno com ela – apesar de ter dito isso aqui e de ter existido a possibilidade, mesmo que remota, de ter acontecido -, mas precisava tentar conseguir mais e mais votos para a Marina, tentar mostrar às pessoas que é possível, sim, fazer política de verdade, fazer uma campanha limpa, ter um bom programa de governo. Mostrar que é possível ser sincero com o povo, como Marina sempre foi durante toda a campanha.
Mas, infelizmente, acabou. Por enquanto. Há agora uma mobilização para levar Marina à próxima eleição presidencial, em 2014. Algo difícil, tendo em vista que é bem possível que Lula se candidate daqui a quatro anos, mas não impossível, se formos considerar a força que Marina teve agora e a força que ela pode ganhar até lá.
Agora é ficar atento aos passos de Dilma Rousseff e José Serra neste segundo turno. Eu, particularmente, votarei em Dilma, e peço aos “marineiros” que façam o mesmo. Não podemos deixar que o PSDB volte ao governo federal. Infelizmente precisamos escolher entre o ruim e o pior ainda, portanto, dos males, o menor. PT neles!