Feliz Ano Novo

Há anos e anos, tantos que imagino ter sido no ginásio, li um conto de Rubem Fonseca que me marcou muito. Até pouco tempo lembrava apenas de um detalhe da história: o protagonista saía de casa com seu carro para atropelar – e, assim, matar – pessoas. Somente meses atrás, conversando com um amigo por e-mail, fiquei sabendo o nome do conto e em qual livro ele fora publicado. Trata-se de “Passeio noturno (Parte I)”, uma das histórias de “Feliz Ano Novo”, obra publicada originalmente em 1975.

Apesar de o mote desse conto ter ficado em minha memória durante tanto tempo, e de eu saber que seu autor é Rubem Fonseca, não me tornei um leitor contumaz do escritor nascido em Juiz de Fora. Com o passar dos anos, li apenas “Diário de um fescenino”, romance publicado em 2003, e só. Gostei do livro, mas nessa época conheci a literatura de alguns dos seus numerosos “discípulos” e resolvi não ler mais nada do autor. (Mais recentemente tentei ler “Ela e outras mulheres”, mas não consegui, e li “O seminarista”, romance publicado no fim de 2009.) Eu imaginava que poderia me tornar mais um dos tantos novos autores influenciados por sua pena, e sinceramente não desejava isso. Primeiro porque não tenho a intenção de copiar quem quer que seja – exceto em meus arroubos rodrigueanos ou sabinescos -, e segundo porque, vejam bem, me digam um autor brasileiro que seja comparado a Rubem Fonseca e que tenha verdadeira qualidade literária. Na minha opinião, comparar um jovem autor a Rubem Fonseca é somente uma forma de chamar a atenção para alguém que mistura, de maneira desordenada, temáticas que Fonseca mescla de maneira exemplar.

Ao menos é o que se vê em “Feliz Ano Novo” (152 págs., R$ 19,90), livro que a editora Agir colocou no mercado meses atrás em uma “edição para vestibular” (sem orelhas, bem fininha e com uma capa bem simples, mas com um preço super camarada, além de ser charmosinha). Ou seja: para quem quer ler os contos e pagar por isso – talvez seja possível baixar a obra de graça por aí, mas que graça tem isso? -, mas não muito, dá para o gasto.

Além do já referido “Passeio noturno (Parte I)”, há outros contos de grande qualidade, como o satírico “Corações solitários”, os um tanto líricos “O outro” e “O pedido”, ambos excelentes, o futebolístico e também excelente “Abril, no Rio, em 1970”, entre outros.

Para quem deseja ter na estante uma versão mais encorpada e bonita, a editora lançou uma edição com aquele papel poroso, que dá ao livro mais volume que o utilizado na edição para vestibular, além de ter orelha e, imagino, posfácio assinado pelo jornalista Sérgio Augusto, que coordena a reedição das obras do Zé Rubem pela Agir. O preço é um pouco maior, mas vale a pena.

Mas mais que falar sobre o livro – nem escrevi a respeito dos contos, perceberam? -, gostaria mesmo é de desejar um Feliz Ano Novo aos leitores deste blog, e que 2011 traga muitas alegrias e realizações para todos nós.

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