Eu, eu mesmo e eu de novo

* Publicado no meu primeiro blog em 08 de julho de 2004. De lá pra cá mudei um tanto, mas não muito.

Aquela conversa séria: adiar o quanto for possí­vel. As roupas que seriam levadas para a viagem seriam separadas apenas poucas horas antes da saí­da. A mãe diz:

– Tem uma semana que eu venho falando com esse menino! Assim eu não aguento.

Arrumar o quarto? Minha bagunça é organizada até demais. Se arrumar é pior – não acho nada.

– Que dia é hoje?
– Hoje? Segunda. Vence quando?
– Quarta.
– Quarta eu pago, pode deixar.

Compromissos marcados: vou se puder, a depender do humor.

– Te ligo amanhã!

Eu não ligando, deve haver um retorno. Não havendo, bem, não era importante.

– Rapaz, o teu CD está comigo até hoje! Amanhã trago aqui.

Um “amanhã” que pode durar uma semana – ou mais.

Os prazos que me determinam são cumpridos, mas errar é humano, ninguém é de ferro:

– Não, professora, o que aconteceu é que não entendi bem a tarefa. Lhe procurei pela universidade mas não a encontrei. Prometo que trago na próxima aula.

Assim sou eu, e assim vou levando minha vida. Levo um puxão de orelha aqui e ali. Os amigos comentam, dizem que estou sumido. Mas, se não me ligam, eu vou ligar?

Se eu não fosse assim, seria outro. E em algum lugar do mundo algum outro seria assim, sendo, portanto, eu.

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