Daniel Piza (1970-2011)

Foto: Juca Varela/ Agência Estado

“Conheci” o jornalista e escritor Daniel Piza em 2006, quando pedi sua licença para imitá-lo: eu estava para resenhar o livro “Cartas a um jovem contestador”, de Christopher Hitchens – que recentemente também veio a óbito -, e fiz algo que raramente faço, quando vou escrever sobre algum livro, que é procurar resenhas sobre a obra. Encontrei um texto de Piza, em forma de carta, e pensei em fazer meu texto também como se fosse uma missiva.

É claro que poderia escrever a resenha como se a ideia de fazê-la em forma de carta fosse minha, como se não tivesse lido o texto de Piza. Mas, apesar de não colocar uma nota de rodapé informando que a ideia fora imitada de outra pessoa, achei por bem “pedir licença” ao Daniel para fazer algo semelhante. Não sei vocês, mas achei que isso seria o correto a fazer.

Ele, claro, não viu problemas. Disse que a ideia não era “tão original assim”, mesmo que apenas ele tivesse feito daquela maneira. Gentil, pediu para que enviasse o texto para ele, quando estivesse pronto. Enviei o link, mas, se ele leu, não gostou, ou preferiu não fazer nenhum comentário.

Meses mais tarde, fui encher o saco do Piza. Pedi que ele me esclarecesse algo que o Google poderia ter respondido, mas como a questão tinha, mesmo que indiretamente, a ver como o jornal Estado de São Paulo, resolvi enviar um email para ele. Novamente, Daniel foi muito gentil e respondeu a mensagem, e foi um pouco além. Disse: “Se um dia você quiser visitar a redação, me avise. Mostro como funcionam as coisas”.

Depois disso, tive contatos bem esparsos com Daniel, apenas para pedir autorização para republicar alguns de seus textos no Digestivo Cultural, no período em que fui editor-assistente do site. Depois que meu ciclo no Digestivo terminou, nunca mais “falei” com o Piza, mas volta e meia lia algo escrito por ele, em seu blog.

Então hoje, quando soube de sua morte precoce, aos 41 anos de idade, fiquei triste. Estou triste. Porque achei que um dia o conheceria pessoalmente, e agradeceria “ao vivo” pela atenção que, mesmo ocasional, ele me deu. Como fiz quando cruzei, em diferentes ocasiões, com José Castello e Rogério Pereira, em Ouro Preto, por exemplo.

Vivemos num tempo em que qualquer um que tenha o mínimo de destaque em qualquer área se acha uma estrela, se acha um gênio. Principalmente os mais jovens. Não é fácil encontrar, no meio jornalístico e literário, pessoas que mesmo bastante ocupadas te deem alguma atenção – mesmo que não seja lá muito grande -, que pelo menos te deem um retorno, mesmo que curto. É por isso que me vejo no dever de agradecer a pessoas assim, quando tenho oportunidade, principalmente se for pessoalmente.

A visita ao Estadão, infelizmente, não aconteceu, e não pude trocar um aperto de mão com o Piza. Mas fica registrado aqui meu agradecimento, minha admiração e meu respeito por sua pessoa e sua carreira. E por mais que seu trabalho e sua pessoa sejam alvo de algumas críticas – quem não é criticado? -, ele deixou seu nome na história do jornalismo brasileiro. É preciso reconhecer isso.

Daniel, rapaz, você partiu cedo demais.

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