Confissões, de Somerset Maugham

Nas últimas semanas adquiri alguns livros que imagino serem fundamentais para minha formação como leitor – e, não adianta querer esconder, como crítico literário que desejo ser algum dia. Um deles, o que mais me surpreendeu, foi “Confissões“, um livro de apontamentos ou reflexões (não uma autobiografia nem um livro de memórias, segundo o autor) do escritor – francês de nascimento, britânico de escrita – William Somerset Maugham.

Folheando o livro na livraria – aquela mesma, onde lancho quase todos os dias -, fui quase que direto nas páginas onde estão os trechos abaixo.

“Eu tinha muitas desvantagens. Era baixo; possuía resistência mas pouca força física; gaguejava; era tímido; tinha pouca saúde. Não tinha facilidade para os esportes, que desempenham papel tão importante na vida normal dos ingleses; e tinha, não sei se por alguns desses motivos ou de outra natureza que desconheço, uma instintiva repulsa pelos outros homens que me tornava difícil entrar em qualquer familiaridade com eles. Tenho estimado indivíduos; nunca me importei muito com os homens em geral. Nada tenho dessa aliciante predisposição que faz com que as pessoas se falem no primeiro encontro. Embora com o decorrer dos anos tenha aprendido a assumir um ar de simpatia quando forçado a entrar em contato com um estranho, jamais gostei de ninguém à primeira vista. Não creio que algum dia me tenha dirigido a alguém, que eu não conhecesse, numa viagem de trem, ou falado com um passageiro a bordo, a menos que eles tivessem falado primeiro comigo.”

“A crítica, a meu ver, é uma coisa pessoal, mas nada impede que o crítico possua uma grande personalidade. É-lhe perigoso considerar a sua atividade como criadora. Seu papel é guiar, avaliar, indicar novos caminhos de criação, mas, se ele se julgar um criador, ficará mais preocupado com a criação, a mais absorvente das atividades humanas, do que com as funções que lhe são próprias.”

“Um dos motivos da inutilidade da crítica atual é que é feita como um ‘bico’ por literatos criadores.”

“O crítico deve ter paciência, firmeza e entusiasmo. Cada livro que lê deveria ser uma nova e sensacional aventura; julga-o com a universalidade do seu conhecimento e a força da sua personalidade. Na realidade, o grande crítico deve ser um grande homem.”

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