Estou assistindo a entrevista que Edney Silvestre fez com Ivan Junqueira.
Adoro as entrevistas que o Edney faz. Ele faz com que os escritores deem declarações sensacionais. Ivan tinha ido no Jô Soares há alguns dias e eu assisti, mas 5 minutos com Edney já colocaram no bolso toda a conversa mole do Jô.
Assistam toda a entrevista, mas deixo aqui dois trechos: primeiro, de uma das respostas do Ivan.
Eu gosto de dizer o seguinte: eu comecei como poeta e vou acabar como poeta. Eu só sou ensaísta porque sou poeta, e só sou tradutor porque sou poeta. Então eu costumo dizer que o meu ensaísmo e a minha crítica literária elas padecem um pouco das minhas limitações como poeta. Quer dizer, não são páginas de um crítico de universidade. Na melhor das hipóteses seriam textos de um crítico que um dia foi militante e hoje já não é mais.
Agora, de um dos textos de “Cinzas do espólio” (detalhe: quem faz a leitura é o ator Otávio Augusto):
No que respeita ao transbordamento verbal da alma cabocla, essa praga que nos vem desde os românticos, é bem de ver que o poeta brasileiro, ao se dar conta de seu ciclópico engenho e de sua infinita prestidigitação rítmica e melódica, julga que já sabe tudo e que é capaz de tudo, transformando assim a dura e severa prática da poesia numa estúpida e efêmera banalização. É muito comum entre nós esse solene desdém pelos frutos que possam advir de uma sólida formação literária e intelectual, mas, para tanto, é necessária uma dose de humildade, que os jovens não têm.
Mais um livro para a minha lista.
One Comment