No dia 10 de setembro de 1793, Sébastien-Roch Chamfort trancou-se no quarto onde vivia em Paris e, com uma pistola, disparou contra o próprio rosto. Depois de desfechar o tiro que atingiu seu olho direito e destruiu-lhe o nariz, decidido a morrer e surpreso por ainda estar vivo, tentou cortar a garganta com uma navalha. Atingiu o peito, perto do coração, e, antes de perder os sentidos, ainda teve forças para cortar outras veias, nos punhos e nas pernas. A poça de sangue que se alastrou por baixo da porta chamou a atenção das pessoas do lado de fora, que vieram em seu socorro. Ao recobrar a consciência, Chamfort, falando a amigos, ainda ironizou a incompetência e a obstinação com que havia tentado se matar: “O que vocês queriam? É o que dá ser desajeitado; não se consegue fazer nada, nem mesmo se matar.” Cerca de oito meses mais tarde, o escritor morreria, aos 54 anos, em conseqüência desses ferimentos.
Primeiro parágrafo da apresentação do livro “Máximas e pensamentos“, de Chamfort (ou Sébastien-Roch Chamfort). O texto inteiro, de autoria do jornalista e escritor Cláudio Figueiredo (que também organizou e traduziu o livro), você lê no Digestivo Cultural, onde a apresentação foi publicada (indicação minha e tal) na seção Ensaios desta semana.