A primeira coisa que me veio à mente quando li o título desta matéria do Estadão foi uma piada de extremo mau gosto: “ué, eles nem viram o filme, como podem protestar?”.
Claro que me auto-flagelei por causa disso. Afinal, sou cristão (atenção: sou cristão; não sou católico, evangélico, batista etc., apenas cristão, ok?), e não é de bom tom ficar fazendo piadinhas de mau gosto, mesmo que para mim mesmo.
Mas, enfim, cegos protestaram contra o filme “Ensaio sobre a cegueira”. Depois da piada, pensei assim: “ué, por que não protestaram quando o livro foi lançado?”. Mas continua sendo uma piada de mau gosto, mesmo que não proposital e muito indiretamente.
Só na terceira tentativa de entender a situação foi que pensei em algo digno de ser externado: ora, o livro – e vou aqui eximir o filme de qualquer culpa, visto que ele nada mais é que uma adaptação do romance de Saramago – trata de um outro tipo de cegueira, além da cegueira física. É a cegueira psicológica, digamos assim, que faz muita gente com olho saudável não enxergar um monte de coisa. O Lula, por exemplo: ele nunca soube de nada, nunca viu nada…
Então, não há razão para protestos. Os deficientes visuais (os cegos, enfim) que estão protestando, só vão fazer com que o filme tenha maior repercussão na mídia e atraia mais pessoas aos cinemas. Eles poderiam tentar compreender a história de uma outra maneira. E, para isso, não é necessário enxergar. Basta abrir os olhos…
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