Aos 28

A ansiedade é, talvez, a maior inimiga de um aspirante a escritor, ou mesmo de um escritor. (Isso se não formos contar a falta de talento, lógico.)

Alguns anos depois de começar a escrever contos – sendo mais exato, três anos depois -, eu já queria ver aquelas histórias impressas em brochura. Não cheguei, é verdade, a enviá-las para editoras, não tentei publicá-las. Mas pensava que tinha em mãos uma bela coletânea de contos, e que eles me levariam longe.

Tempos depois, reconheci que, se fossem publicadas, tais histórias só me levariam ao ridículo.

Eu tinha vinte e poucos anos e meu senso crítico não era dos melhores. Havia lido alguns dos mais importantes clássicos da literatura universal e brasileira, mas essas leituras foram feitas de maneira caótica e um tanto rápida, e essa forma de ler não ajudou muito no aprimoramento do meu “simancol”.

Pelo contrário: ao me ver escrevendo histórias influenciado por Charles Bukowski ou Franz Kafka, me sentia pronto para ser publicado; e não apenas isso: para falar com propriedade sobre o ofício de escritor e sobre literatura.

Ah, a arrogância dos vinte e poucos anos… O que seríamos sem ela?

Hoje olho para trás e acho graça de certas coisas que fiz, escrevi e disse. Mas nem tudo foi trabalho perdido: alguns daqueles contos e algumas daquelas atitudes serviram para que a ansiedade fosse, se não controlada, ao menos diminuindo um pouco. Serviram, também, para que o aspirante a escritor impaciente desse lugar a um leitor mais sensato, atento e experiente.

Com isso, a autocrítica ganhou alguns pontos e pude perceber que certas histórias não eram grande coisa. (Na verdade, eram muito ruins.) Tenho certeza de que ela não chegou ainda ao nível ideal, mas não é fácil conseguir isso. Para minha sorte, acho que tenho um bom par de anos pela frente para resolver isso.

Quando o nível de ansiedade caiu, fiquei planejando quando publicaria meu primeiro livro – bem, ainda estava ansioso, mas ao menos não queria nada “pra já”. Pensava em fazer isso com 27 anos, e cheguei até a colocar essa idade como uma espécie de limite: se não conseguisse a publicação através de uma editora, viabilizaria eu mesmo a publicação.

Fiz 27 anos há exatamente 1 ano e, como vocês sabem, não houve publicação alguma. Contudo, todavia, entretanto, ela acontecerá daqui a alguns meses, no alto dos meus 28 anos e uns quebrados, através da editora Multifoco.

Faz algum tempo que soube disso, mas preferi divulgar a notícia quando as coisas estivessem mais bem encaminhadas. Contarei mais detalhes sobre o livro e seus bastidores no blog que fiz para divulgá-lo (http://oescritorpremiado.wordpress.com/). Por aqui, voltarei em breve à programação normal, escrevendo sobre livros, filmes e discos.

Um abraço do
Rafael

P.S.: Confiram a terceira edição da revista de contos Outros Ares. Neste número, foram publicados 6 contos de autores novos, além de um do escritor Jaime Prado Gouvêa, que é o entrevistado desta edição.

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