* Enquanto eu não consigo parar para postar algo, deixo este release, da editora Record, de um livro que estará nas livrarias em breve. Trata-se de “A vida do Garganta Profunda”, de John O’Connor e Mark Felt (sente este o próprio “Garganta Profunda”). Não conheço muito a história dele, mas sou bastante curioso em relação a ela. Afinal, o Watergate foi talvez o maior escândalo político da história dos Estados Unidos. Inclusive, estou doido para assistir a “Frost/Nixon“, que infelizmente não passou no cinema daqui.
No dia 17 de junho de 1972, cinco homens usando luvas e ternos foram encontrados escondidos dentro da suíte ocupada pelo Comitê Nacional do Partido Democrata americano no Watergate, luxuoso conjunto de edifícios de Washington. Em questão de dias, o FBI associou os invasores ao então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, e o caso explodiu em um confronto constitucional sobre o poder presidencial. O Washington Post saiu na frente na cobertura, com a ajuda de uma fonte secreta: um dos mais misteriosos personagens da recente história política americana, o Garganta Profunda, um homem que tudo sabia sobre o caso e o revelou aos jornalistas do Post sem sair do anonimato.
Somente em 2005, sua identidade foi revelada, num artigo publicado pela revista Vanity Fair: William Mark Felt, à época vice-diretor do FBI, era o misterioso homem que ajudava os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein. Com sua influência, a dupla do Post entraria para a história do moderno jornalismo investigativo e ficaria eternizada pelo livro – e filme homônimo – “Todos os homens do presidente”. Mas quem era Mark Felt? Sua bagagem moral e seus motivos? E por que ele usou suas habilidades de ex-agente de contra-inteligência para derrubar um presidente?
Em “A vida do Garganta Profunda“, Mark Felt responde a essas e muitas outras perguntas. Descreve a tensão e o sentimento de isolamento que suportou enquanto o caso Watergate crescia – vendo a si próprio como um “Cavaleiro Solitário”. Fala de como enfrentou um governo corrupto e, ainda, a nova e submissa liderança do FBI que o governo de Nixon havia instalado. Aqui, ele revela sua trajetória de profissional racional a agente tenso, registrado por Woodward caminhando numa garagem de estacionamento escura, o queixo trêmulo. Conta, ainda, como sempre desprezou o apelido que o faria famoso.
Felt enfrentou um dilema crucial: “Minha obrigação como funcionário do FBI está acima de meu dever como cidadão americano de expor a verdade? No passado, sempre esteve, mas talvez este não seja o caso.” Mas essa decisão teve um preço alto para sua família. Pela primeira vez, este livro conta a pungente história de seu casamento com Audrey Robinson Felt, uma mulher brilhante e bonita cansada das pressões de frequentes deslocamentos, da vida no casulo do FBI e do humilhante caso judicial contra seu marido que arruinou sua aposentadoria.
“A vida do Garganta Profunda”, único livro sobre Watergate escrito pelo Garganta Profunda, revela, por fim, um segredo familiar, mostrando como o orgulho e a privacidade foram importantes para Mark Felt.
Mark Felt viveu com sua filha, Joan, em Santa Rosa, Califórnia, até sua morte em dezembro de 2008, aos 95 anos. John O’Connor é advogado e diretor do departamento de litígio de Howard Rice Nemerovski Canady Falk & Rabkin. Vive no Condado de Marin, na Califórnia.