A Piauí

A Piauí é uma revista que me deu vontade de ler e resenhar. Primeiro porque, logo que foi lançada, ela veio com aquele slogan de “pra quem tem um parafuso a mais”, se não me engano. Achei isso elitista e arrogante. Pensei seriamente em comprar o primeiro número só pra esculhambar a revista. Mas já foi a época em que comprava livros só pra falar mal deles. Comprei dois e não faço isso mais. É desperdício de tempo e de dinheiro, óbvio. A verdade é que eu pensava que os livros mudariam minha opinião sobre eles mesmos e sobre seus autores. Infelizmente isso não aconteceu. Acabei não escrevendo sobre eles, porque não valia a pena. Mas não queiram saber o que é um escritor ou resenhista ressentido ou amargurado. Não queiram. Mesmo.

Voltando à Piauí, eu achei bem elitista o slogan. E não gostei do formato da revista. Ela é gradona, do mesmo tamanho da Caros Amigos. Nada contra o tamanho da Caros Amigos, muito pelo contrário, mas achei cara-de-pau demais a Piauí chegar com um slogan desse e imitar o tamanhão da CA. Sei lá, foi minha opinião, na época. Além do mais, ela é um projeto do João Moreira Salles, homem que pode passar o resto da vida rasgando centenas de reais todos os dias que não morre pobre. Então eu achava que a revista era só o mais novo passatempo dele. O caso é que, desde o lançamento da Piauí para cá, minha opinião sobre ela mudou bastante.

O slogan ainda não consegui engolir, pra ser sincero. Mas o tamanho é justificável. Os textos da Piauí são maiores que os das revistas tradicionais. Então nada mais justo que a revista ser maior também. Afinal, um texto de três páginas da Piauí teria seis páginas em uma revista “normal”. Isso talvez espantasse leitores, não sei. Três páginas dá a impressão de que o texto não é tão grande. Ele tem três páginas e não SEIS, sacou? Fator psicológico. Sério. Qual livro mais lido de Joyce? “Ulisses” ou “Dublinenses”? Rá rá rá.

Então. Minha opinião mudou. Isso porque comprei a edição de janeiro e vi lá um texto do Italo Calvino e outro do Daniel Galera. Além de outras matérias que não li ainda. E então resolvi assinar a revista, só pra não ter que ficar indo na banca todo mês comprá-la. É um saco ir na banca comprar revista. Ao menos aqui é.

E eis que a edição de fevereiro me chega em casa. Com textos de Vargas Llosa e Woody Allen, e outros mais. Ô coisa boa.

Sobre o John Moreira Salles, percebi que ele não faz a revista por pura vaidade. Ele quer mesmo mudar o panorama, fazer uma revista diferente, com conteúdo. E acho que isso ele está fazendo. Além disso, a empresa que trabalho faz parte do patrimônio da família dele. Não posso falar mal do irmão do chefãozão, certo?

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