A perdição de um consumista literato

Acabo de chegar à conclusão de que o problema não sou eu, e sim as editoras. Afinal, são elas que continuam a lançar livros atrás de livros, muitos deles bastante interessantes, o que me deixa com a maior vontade de comprá-los todos, o que eu geralmente acabava fazendo.

Agora, por exemplo, saiu o romance “Uma vontade louca de dançar“, de Elie Wiesel (detentor de um Prêmio Nobel da paz, aliás; dele eu tenho o curtinho “A noite“, que ainda não li). O título é lindo e a capa idem. Fiquei com uma vontade louca de comprar.

Outros que me deram água na boca foram: “Entre nós“, de Philip Roth; “Cidadezinhas“, de John Updike e “Procedimento operacional padrão“, de Philip Gourevitch e Errol Morris. De Roth e Updike eu tenho vários aqui sem ler. De Gourevitch tenho “Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias“, que Cássia me deu, mas que também não li ainda.

Mas, como disse, comprá-los todos seria algo que eu faria, em outros tempos. Este mês me comprometi com Cássia a não comprar nada, porque comprei muitos livros na Paraíba. E deu certo – ela abriu algumas exceções, como o “Conclave“, um cd do Linkin Park (nossa, muito bom, apesar de muita gente dizer que a banda é fabricada etc.) e mais recentemente alguns livros do García Márquez (do 1 ao 4, o 5 eu já tinha) que estavam em promoção. O valor de todos esses itens juntos não chegam nem perto do valor que gastei com livros na nossa viagem. Ou seja: deu certo.

Em dezembro pretendo continuar com essa “tática”, com esse compromisso. Já tenho alguns títulos em vista, é verdade, mas são poucos e baratos. E minha bem-amada está ciente de tudo e tem toda a liberdade para controlar e barrar meus impulsos consumistas (o que, aliás, ela deve – e vai – mesmo fazer).

Sem contar que, arrumando meus livros aqui, me dei realmente conta de que não adianta ficar comprando livros assim, de maneira desenfreada. Não há tempo para ler tudo e muitas vezes um livro muito desejado em um determinado momento nem é uma obra fundamental para a sua formação como leitor ou autodidata.

falei isso outras vezes e cheguei a mandar o consumismo para a PQP, num momento de maior exaltação, mas foi na tranquilidade das palavras de minha bem-amada e no silêncio do ato solitário de arrumar os livros que finalmente entendi e compreendi minha situação.

Bom. Antes tarde do que nunca.

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