A literatura e os seus defeitos

Não, a literatura não tem defeitos. Ao menos ainda não os encontrei. Livros ruins têm, sim, muitos defeitos. A literatura, não.

Este era o post que deveria ter “saído”, quando comecei a escrever o post abaixo. Seria sobre os efeitos que a literatura tem sobre certas pessoas. Os efeitos colaterais, no caso.

É um post para os Mestres dos Magos da literatura brasileira, que é como eu batizei uma espécie de leitor que está aparecendo em tudo quanto é canto, disseminando besteiras em blogs e sites por aí.

Essa espécie de leitor tem muitos defeitos. Que nada têm a ver com a literatura, aliás. O leitor ao qual me refiro é do tipo que deseja saber mais que todo mundo, quer ter razão a todo custo e não mede esforços para isso. Ele leu uma porção de livros – bons, é verdade -, muitos deles até clássicos da literatura, escrevem bem, e teriam uma boa retórica, se não exibissem constantemente aquele tão conhecido “ar superior” e aquela arrogância excessiva e maligna (contrário de “benigna”) que não leva a lugar nenhum.

Este post é dirigido a você, Mestre. Você, sabichão, que tudo leu, tudo sabe e a todos os cânones cita. Vamos, confesse, pode usar a caixa de comentários do blog para isso: você pensa que é um especialista, certo? Que você detém o conhecimento literário que todos deveriam ter. Que você leu os livros e autores que ninguém leu, correto? Sim, você começou a ler bem cedo, sempre teve acesso aos melhores livros, aos melhores colégios e à melhor cultura. Você ouve música clássica, sabe tudo sobre vinhos e ainda por cima entende de artes plásticas.

Ó, sim, você é quase um deus. Você tem o direito e o dever de dizer que tal obra é ruim, que tal autor é um merda e que eu e outros blogueiros deveríamos nos calar. Que não deveríamos elogiar certos autores nem ler certas coisas. Tudo bem, eu entendo.

Mas você, Mestre, tem transformado as discussões sobre literatura em grandes discussões idiotas e sem graça. Quando você despeja por aí todo o seu conhecimento, toda a sua cultura, você pensa “ó, como sou humilde, estou compartilhando meu saber com esses miseráveis”. Mas não, Mestre. Você está mesmo é enchendo o nosso saco, torrando a nossa paciência. E isso nos faz perder todo o tesão na conversa. Estamos lá, conversando animadamente sobre algo, e então aparece você: um balde de água fria. É como se eu estivesse sonhando com a minha noiva e acordasse ao lado de um moreno alto e forte de nome Paulão.

Eu já falei de você antes, Mestre. Mas não fui tão direto. Agora sou, porque estou mesmo de saco cheio.

Lembra, Mestre, do “por qué no te callas?”. Pois.

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P.S.: O termo “Mestre” não foi utilizado para se referir a alguém específico.

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