500 dias com ela

Talvez fosse o caso de classificar algumas “comédias românticas” como “tragicomédias românticas”.

“Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, por exemplo. Se o leitor já assistiu a esse filme, sabe muito bem que ele é um drama. Mas, para alguns sites sobre cinema, ele é uma “comédia romântica”. O prefixo “tragico” aproximaria mais a classificação do filme do que ele realmente é.

500 dias com ela” não chega a ser um drama, mas também não é um filme tão engraçado a ponto de poder ser chamado de “comédia”. Há várias cenas engraçadas, é verdade, mas a história do protagonista, Tom Hansen (muito bem interpretado pelo ator Joseph Gordon-Levitt), é mais triste que cômica.

Tom é um jovem de pouco mais de 25 anos – acredito eu, a idade não é explicitada no filme – que se apaixona por uma nova colega de trabalho, Summer Finn (Zooey Deschanel). Eles trabalham em uma empresa que desenvolve cartões de expressão social – leia-se cartões de aniversário, natal, namoro etc. – e em pouco tempo se envolvem emocionalmente.

O problema é que Summer deixa claro que não deseja um relacionamento sério. Tom busca o inverso: ele está à procura do grande amor de sua vida. (Sim, é clichê e piegas, mas não é assim a vida?) Na esperança de conseguir fazer com que Summer se apaixone por ele, Tom se envolve cada vez mais. Mas as coisas não saem da maneira que ele planejou e Summer o abandona – na verdade, ela nunca esteve realmente com ele -, dizendo que seria melhor se eles fossem apenas bons amigos.

Isso deixa Tom destruído. Para ele, sua vida não tinha sentido antes de Summer, e só poderia continuar tendo algum se ela estivesse ao seu lado. E então Tom entra naquela roda-viva pela qual todo homem apaixonado-abandonado (e, vá lá, um tanto exagerado) já passou: tristeza, apatia, desinteresse por tudo e por todos. São nas cenas que mostram isso que o filme cresce e se transforma num quase drama. É na tristeza de Tom que estão os melhores momentos da produção.

O começo de “500 dias com ela” é um pouco chato e parece não prometer grande coisa. Mas passados os primeiros 10 minutos não há como abandoná-lo. Além de o roteiro ser cativante, a fotografia é simplesmente sensacional, o figurino também, assim como os efeitos especiais que, apesar de simples, são admiráveis – talvez justamente pela simplicidade.

A trilha sonora é outro ponto alto: The Smiths tem presença marcante, por Tom e Summer gostarem da banda, mas há também músicas do The Doves, de Simon & Garfunkel, do Wolfmother; é preciso destacar, ainda, a faixa interpretada por Carla Bruni, além de duas canções interpretadas magistralmente por uma tal Regina Spektor, de quem nunca tinha ouvido falar até então.

O ponto fraco do filme fica, surpreendentemente, na conta de Zooey Deschanel. A conheço de “Sim, senhor” e de “O guia do mochileiro das galáxias” e havia gostado bastante das interpretações dela. Desta vez ela me decepcionou, mas nada que comprometa o resultado de “500 dias com ela”. Quem quiser ver o trailer do filme, aí vai.

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